data-filename="retriever" style="width: 100%;">13 partidos conchavaram-se na Câmara Federal para turbinar o Fundo Eleitoral, aumentando de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,8 bilhões, numa decisão despudorada e completamente alienada da realidade financeira do país. Ante a ameaça do presidente da República de vetar completamente a infeliz resolução, recuaram, aceitando a oferta nem tão singela de "apenas" R$ 2 bilhões para financiar as eleições do próximo ano. Esse gasto escandaloso seria facilmente aprovado por um Congresso recentemente eleito com renovação expressiva de seus quadros e eliminação de notórios corruptos que não conseguiram a reeleição. A esperança de melhoras no comportamento e tomadas de decisão vinculadas ao interesse da Pátria não se confirmou, continuando as negociações dos votos numa atitude despudorada de defesa de interesses pessoais e partidários, em detrimento dos nacionais. A que se deve essa impudente situação?
No Brasil, desde tempos imemoriais, as eleições se processam em torno de pessoas, tanto para os cargos executivos como para os representativos. As campanhas eleitorais se transformam em batalhas cruentas entre todos os candidatos, sejam de partidos diferentes ou dentro de um mesmo partido. Cada um luta por si mesmo, empregando todos os recursos disponíveis, inclusive gastando o que tem e o que consegue de financiadores interessados. Na falta desses últimos, voltam-se, agora, contra o patrimônio público. Os deputados e, também, vereadores, uma vez instalados em suas câmaras, tratam de adotar medidas que garantam as suas reeleições.
As "rachadinhas" não são invenção do deputado Flávio Bolsonaro. Elas existem por todo o Brasil. Seus praticantes sabem da necessidade de constituírem fundos para garantir a continuidade da sinecura. Para isso, têm a concordância de todos seus assessores e colaboradores, cientes da conveniência de manterem seus privilégios. Os gabinetes dos representantes do povo são verdadeiros comitês eleitorais, trabalhando com dedicação exclusiva para reeleger seus detentores. Esse panorama poderia ser diferente?
Na maioria dos países europeus e em alguns da América, para eleger os representantes do povo se dispensou as candidaturas individuais e se adotou o "voto no partido". É um voto simples, enxuto, que dispensa as grandes campanhas midiáticas, mais ao gosto das vaidades pessoais e dos recursos financeiros insaciáveis. O eleitor vota no partido de sua escolha ideológica ou que apresente a melhor proposta de governo, no seu entendimento livre e democrático. Os partidos ganham tantas cadeiras quanto seus quocientes eleitorais permitirem.
Elas serão preenchidas com pessoas previamente escolhidas, registradas nos cartórios eleitorais através de listas, com precedência rigorosa, que darão ao partido a representação que obtiverem. Os representantes (deputados e vereadores) não são os donos dos mandatos, eles poderão ser substituídos sempre que as decisões partidárias, tomadas através de convenções ou plenárias dos diretórios, assim decidirem. Nesse modelo eleitoral, os partidos naturalmente se reduzem a poucos, numa faxina democrática dessas incontáveis siglas de aluguel, que só subsistem pelos seus balcões de negócio, onde todas as falcatruas são permitidas. As campanhas eleitorais ficam reduzidas aos candidatos para os cargos executivos, que podem admitir até mesmo candidaturas avulsas. As campanhas ficam ao alcance dos cofres partidários, onde a militância contribui voluntariamente, de acordo com as decisões instituídas.
R$ 2 bilhões! Daria para construir, equipar e colocar em funcionamento 10 hospitais regionais ou 200 escolas profissionalizantes de turno integral! Valha-me Deus!